DESTAQUE: Junta de Freguesia de Ribeira Chã adquire obras do Festa Redonda para nova sede. Ver Iniciativas
Aceitamos propostas de projectos na área da Escultura e Cinema.

O Festival Festa Redonda, que decorrerá nas nove ilhas dos Açores, arrancou no dia 25 de Outubro de 2007 e irá prolongar-se durante dezoito meses até Abril de 2009.

O evento, cujo nome presta homenagem ao escritor açoriano Vitorino Nemésio que escreveu “Festa Redonda, Décimas e Cantigas de Terreiro Oferecidas ao Povo da Ilha Terceira” (1950), pretende facilitar o acesso de algumas franjas da população açoriana mais votadas ao isolamento a várias formas de cultura, contribuir para o desenvolvimento do potencial turístico das ilhas do arquipélago e divulgar jovens valores em nove áreas de criação artística distintas.

As mostras de Arquitectura/Design, Cinema, Dança, Escultura, Fotografia, Literatura, Música, Pintura e Teatro vão correr os Açores durante ano e meio, numa lógica de festival itinerante. Cada Arte estará em cada ilha por um período máximo de dois meses.

Esta é uma iniciativa da Associação Cultural Festa Redonda, criada com um objectivo que ultrapassa a realização deste evento único: ajudar a desenvolver regiões e comunidades, através da Arte e da Cultura, levando a locais isolados artistas, programadores, agentes culturais e realizações culturais que, de outra forma, não seriam aí acessíveis.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

As flores dos chafarizes

Um projecto de documentário de Nathalie Mansoux, a realizadora que acaba de ser premiada no Festival Indie Lisboa 2008 o Prémio para Melhor Longa-Metragem Portuguesa com o documentário Via de Acesso (Portugal, 2008).

Nota de intenções

Na ilha das Flores, há muitas pessoas idosas oriundas dos Açores e do Continente. São milhares de histórias, às vezes esquecidas, inventadas ou re-inventadas que vivem dentro deles. Alguns lembram-se dos numerosos naufrágios do século XIX ou da época áurea da baleação que se viveu durante e imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. Outros preferem falar da guerra da manteiga do princípio do século XX, da apanha das algas marinhas dos anos 60 e 70 ou da base rádio naval francesa, inaugurada em Outubro de 1966.
Hoje, a antiga fábrica da Baleia do Boqueirão faz parte do Museu das Flores, a base francesa foi requalificada: abriga a polícia, os bombeiros, uma ludoteca e acolhe os turistas. Esses espaços são marcas importantes da história da ilha e da memória colectiva da ilha. Mas há muitos outros lugares, mais discretos, que marcam a paisagem da ilha e as memórias dos florentinos. Alguns desses lugares tiveram, ou ainda têm, uma função primordial porque funcional no quotidiano dos habitantes da ilha. É o caso dos fornos de cerâmica, fontanários, estaleiros, chafarizes, palheiros, moinhos.
Parece-me importante valorizar também esses lugares porque são chaves de entendimento do funcionamento da ilha. Referem-se às actividades quotidianas e à actividade agrícola, ao que faz ou fez viver a população da ilha durante séculos. Para dar vida a esses lugares quero trabalhar com pessoas idosas porque acredito que têm muito para contar: parece-me importante dar-lhes a palavra. Contudo, não quero realizar um filme passadista, onde se lamenta do que era e já não é, ou fazer um retrato somente contemplativo. Antes pelo contrário, pretendo animar esses lugares através de uma história particular, a de um homem e de uma mulher que lá viveram um momento forte, realizar retratos vivos e explorá-los audiovisualmente.
O documentário As flores dos chafarizes pretende criar uma ligação audiovisual entre histórias vividas de pessoas idosas e espaços funcionais, abandonados ou renovados do presente. Pretende ser um trabalho com a comunidade para "redescobrir" lugares emblemáticos do quotidiano dos habitantes da ilha.

Ver biografia de Nathalie Mansoux

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