DESTAQUE: Junta de Freguesia de Ribeira Chã adquire obras do Festa Redonda para nova sede. Ver Iniciativas
Aceitamos propostas de projectos na área da Escultura e Cinema.

O Festival Festa Redonda, que decorrerá nas nove ilhas dos Açores, arrancou no dia 25 de Outubro de 2007 e irá prolongar-se durante dezoito meses até Abril de 2009.

O evento, cujo nome presta homenagem ao escritor açoriano Vitorino Nemésio que escreveu “Festa Redonda, Décimas e Cantigas de Terreiro Oferecidas ao Povo da Ilha Terceira” (1950), pretende facilitar o acesso de algumas franjas da população açoriana mais votadas ao isolamento a várias formas de cultura, contribuir para o desenvolvimento do potencial turístico das ilhas do arquipélago e divulgar jovens valores em nove áreas de criação artística distintas.

As mostras de Arquitectura/Design, Cinema, Dança, Escultura, Fotografia, Literatura, Música, Pintura e Teatro vão correr os Açores durante ano e meio, numa lógica de festival itinerante. Cada Arte estará em cada ilha por um período máximo de dois meses.

Esta é uma iniciativa da Associação Cultural Festa Redonda, criada com um objectivo que ultrapassa a realização deste evento único: ajudar a desenvolver regiões e comunidades, através da Arte e da Cultura, levando a locais isolados artistas, programadores, agentes culturais e realizações culturais que, de outra forma, não seriam aí acessíveis.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

19 de Dezembro

Chegamos ao Corvo num dia cheio de luz e calma depois da tempestade. Só agora sei a falta que isto me faz, o voltar a uma terra conhecida e perceber o que já se criou. Para o bem e para o mal, jogamo-nos aqui dia a dia. Continuo a achar que estamos no meio de uma micro-sociedade protegida pela geografia.
O vento passou mas deixou as correntes do mar. Estas vagas enormes que ultrapassam o pontão do porto, saltam por cima e se desfazem em espuma, à luz de um sol três horas da tarde atrás das nuvens. Só ouço dizer "isto não é nada, já vi muito maior". E muito maior saltam depois, num movimento repentino, filmo de muito perto, desço as rochas, faço zoom e entro dentro da onda até cair em vertigem. Os barcos não aguentam, a vila protege-se com a falésia que leva porrada todo o Inverno. Hoje foi só isto e o que o mar transporta para terra, plásticos e madeira entre as rochas, misturado com o lixo das casas mesmo por cima. Uma ilha sem abrigo seguro. Uma imagem de um barco parado no meio do Atlântico. O resto é tudo igual a todo o lado.

Gonçalo Tocha

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