Sentir o cheiro da Aerogare e procurar no céu a vinda do Dornier, os horários mutáveis e flexíveis de quem parte e quem chega, quem se despede e quem espera. Hoje partiram alguns trabalhadores para Lisboa. Ao todo no Corvo são mais de quarenta, cabo-verdianos, são-tomenses, ucranianos… Trabalham nas obras do novo parque infantil, na reconstrução da biblioteca, na construção das vivendas novas na parte nova da vila, nas estradas abertas para os campos lá em cima. Uns partem para passar o Natal em família, nós passamo-lo longe. Aqui também não o sentimos muito, só nas iluminações psicadélicas das casas e ruas, só nas quatro ou cinco lojas que vendem tudo, dos presentes que todos já conhecem aos souvenirs dos imigrantes. Há consumo como em todo o lado, mas mais localizado e familiar. Se houvessem centros comerciais todos iam aos centros comerciais. Mas não há e é um alívio para a sanidade mental. O tempo escorre, aqui é mais claro que as datas especiais são meros pontos no nosso calendário contínuo.
Gonçalo Tocha
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