Li há uns dias que um arquitecto em Lanzarote, enquanto protestava contra o tráfico desmesurado da sua ilha, foi morto por atropelamento. Não me cabe a mim ser mártir sem causa, mesmo que os carros aqui sejam bichos sem estrada para comer. Na Caparica quando acordo mal vou de mergulho no mar. Aqui desço o pontão do porto cheio de sol e mar bonançoso como é tão raro no Inverno. Todos os pescadores saíram para a pesca de barco e não nos avisaram como lhes tinha pedido. Ficamos em terra com a câmara enxuta. Dias destes são poucos, para uma pesca produtiva. Pena… Conto até dez e salto o pontão, cabeça primeiro, um arrepio pela espinha. A água está mais fria do que esperava.
Mais em cima, encontro o Dídio e os restos duma matança do porco. A carne é cortada em costeletas numa mesa de madeira ao sol fulminante sem nuvens. Na imagem é um brilho de sangue seco e quente. A morte já passou, agora é só bonito de tanto vermelho, as mãos e a carne, o suor e o liquido que escorre até à rua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário