Os mais importantes filmes feitos sobre o Corvo realizaram-se há pouco mais de trinta anos. Exactamente numa época de mudança. Já foram feitos depois do fim do dia do fio, do fim das ovelhas e a consequente passagem para as vacas. Foi uma revolução na ilha, maior do que a do 25 de Abril. Essas imagens falam de um tipo de sociedade que está no seu fim. O que eu vejo agora é outra ilha. Ou melhor, outro uso da ilha. Tudo mudou rapidamente, como ainda continua a mudar. Dos barcos de madeira para os barcos de fibra, das casas antigas do centro histórico, muitas em ruína, para as casas novas e modernas na parte nova da vila, das moto cultivadoras para os Jipes e os carros, dos campos cultivados para a importação, dos trabalhos na lavoura para os empregos nos serviços e na Câmara. Tudo tem de mudar e evoluir. Só o que me assusta é o desaparecer das diferenças e que possa chegar a um dia em que digamos que viver no Corvo é igual a viver em qualquer outra vila da Europa.
Gonçalo Tocha
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