
"O trabalho do Jonas assenta numa questão base, a interdependência de diferentes elementos num conjunto. A procura de estabelecer relações, de encontrar um equilíbrio dinâmico que relaciona partes em mutação, processa-se tanto a nível formal pictórico ou escultórico como na relação das várias peças expostas quer entre si quer com o observador, assim como nos temas que aborda. Relações narrativas entre as peças do conjunto que se tornam membros ou órgãos em funcionamento como uma engrenagem. Este corpo híbrido é uma mistura metamórfica do ser humano-animal- máquina-vegetal, ligações pouco naturais feitas por pedaços de um e de outro corpo, por mecanismos de mistura e substituição. Temas que reflectem problemáticas sociológicas e éticas do funcionamento da sociedade e são, aqui, tratadas ora de forma mais equilibrada, ora mais violenta e visceral. A ambiguidade nas formas deixa ao espectador a tarefa de imaginar como funciona cada engrenagem, e acentua o carácter vivo e móvel do conjunto. Aliás, nunca existe "o conjunto", existem sempre relações móveis e diferentes forças nómadas, fluidos que vão delineando um conjunto que não é completo nem fixo.
Características estas que resultam, principalmente na sua pintura, de um processo do fazer e refazer que deixa algumas formas já sumidas, outras evidentes e algumas apenas delineadas. Hierarquiza, assim, várias peças do conjunto visual, tornando-se evidente a energia e movimento do "conjunto". A escolha de suportes mais resistentes e uniformizados faz notar a nova fase do autor que procura um apuramento plástico dos trabalhos e uma maior qualidade pictórica, reflectindo uma transfiguração nos efémeros conjuntos – um Puzzle de infinitas configurações.”
Sara Pereira
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