
Numa atitude aparentemente colectiva, os corpos revelam-se nestas acções que se repetem, são rotina do espaço, transportando o seu modo próprio, mas que apenas o inconsciente óptico, que o aparelho fotográfico é (Water Benjamin), permite visualizar. Os corpos de uns silenciam-se na companhia dos corpos de outros pela repressão do espaço e do tempo da acção, nesse espaço regulado, num espaço urbano.
O olhar da câmara é aqui turvo, como na realidade é o nosso olhar. Nós, a quem tudo parece focado como com a objectiva, mas que estamos realmente a focar apenas o ponto para onde dirigimos o olhar.
Crrrsh, disparo, o modo como chego a câmara ao corpo, a respiração retida (Bresson encontrava aí o instante da captação da fotografia), o movimento dos outros que se segue imediatamente ao que observo ao disparar, tudo movimentos mínimos que não podem fazer da imagem algo nítido e transparente, mas um esboço vibrátil".
Elsa Aleluia, Julho 2007
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